Imigração Japonesa

Junji evoca grande legado

Homenageado no Rotary de Mogi das Cruzes, mogiano descendente de imigrantes destaca valores morais como principal herança a ser transmitida às gerações futuras

19/06/2015


A melhor forma de honrar a perfeita simbiose estabelecida entre dois povos tão diferentes, de lugares opostos no planeta, “é preservar e repassar às gerações futuras a altivez dos valores morais que são a grande herança deixada pelos imigrantes japoneses no País”, segundo o deputado federal suplente Junji Abe (PSD-SP). “Este é o principal legado para a construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno”, definiu, ao ser homenageado pelo Rotary Club de Mogi das Cruzes, na noite desta quinta-feira (18/06/2015), data em que a Imigração Japonesa no Brasil completou 107 anos.

Comandada pelo presidente do Rotary Club mogiano, advogado Marcelo Bueno Espanha, a solenidade reuniu dirigentes da entidade, rotarianos e intercambistas do Japão e da Índia, que participam do programa mantido pela organização mundial. Junji recebeu um certificado da realização da palestra. O político também presenteou Espanha e os jovens japoneses do intercâmbio internacional com exemplares do livro “A História Japonesa em Mogi das Cruzes”, do professor doutor Mário Sérgio de Moraes.

Filho e neto de imigrantes japoneses, nascido em Biritiba Ussu, distrito de Mogi das Cruzes, Junji Abe foi apresentado para a palestra pelo rotariano Rafael Garcia Martinez. O palestrante contou que, desde a infância, recebeu dos seus ancestrais a missão de “amar este País, de todo coração, ajudar o povo em tudo o que for possível e fazer mais pelo Brasil que os próprios brasileiros”. É o ensinamento que traduz gratidão à Nação que acolheu tantas famílias vindas do outro lado do mundo. Ao mesmo tempo, prosseguiu, demonstra o afeto por esta gente alegre, hospitaleira e carinhosa que passou por cima de todas as diferenças, não viu barreiras culturais e nem de idioma para interagir e estabelecer os laços que se consolidaram sob a linguagem universal da amizade.

“Mais do que palavras na mente da criança que fui, são princípios gravados na alma do homem que sou”, filosofou Junji, referindo-se aos ensinamentos transmitidos pelos seus ancestrais. Vereador (1973-1976), deputado estadual (1991-2000), prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, por oito anos consecutivos, de 2001 a 2008, e deputado federal (fev/2011-jan/2015), ele pincelou o histórico de colaboração mútua que marca os dois países ao longo destes 107 anos desde a chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao País.

Graças à determinação dos ancestrais na missão de instrumentalizar o comportamento dos descendentes no cotidiano, apontou Junji, “fomos preparados para ser patriotas, cidadãos dignos, cumpridores dos deveres”. Para exemplificar, citou a tragédia do vazamento radioativo na usina nuclear de Fukushima, quando o mundo assistiu, perplexo, à devoção de aproximadamente 100 homens, entre técnicos e voluntários, que decidiram correr risco de morte para salvar milhares de vidas. “Em pouco mais de três anos, o Japão já se havia recuperado da devastação provocada pelo terremoto seguido de tsunami, em 11 de março 2011”, indicou, ao falar sobre o princípio da superação, tão difundido entre os nipônicos.

O contexto nacional, marcado pela escalada da violência, reforça a necessidade de cultivar a rica herança de valores morais dos ancestrais dentro de casa, como advertiu Junji. “Falo de dignidade, patriotismo, responsabilidade, trabalho duro, disciplina, respeito, ética, moralidade e amor ao próximo. É no lar que começa o processo de formação do cidadão, daquilo que ele classifica como certo e errado, de suas crenças e filosofia de vida”.

Junji observou que os brasileiros, descendentes da imigração japonesa, têm de se desdobrar para preservar esses princípios. “Também temos a obrigação de batalhar para que a população evolua e deixe de ser tão materialista. Que os valores cultivados pelos nikkeis sejam de todos. A sociedade precisa ser estimulada a vigiar sempre, com a imprescindível colaboração da Imprensa que tem um papel crucial para ajudar a frear negociatas e a prática de corrupção”, completou.

Na visão de Junji, o caminho para aprimorar a sociedade e, junto com ela, a qualidade dos representantes, é a educação. “Não falo da que está aí. Mas, sim do ensino de alto valor qualitativo, com período integral, valorização do magistério e a inclusão de disciplinas como ética, cidadania e religiosidade – qualquer que seja o credo”, descreveu, ostentando o conceito que sempre norteou sua atuação na vida pública.

A Língua Japonesa acolhe expressões de profundo significado, que traduzem bem a formação cultural do povo nipônico e funcionam como bússola para nortear a postura do ser humano no lar e na sociedade. Ao fazer esta observação, Junji usou o projetor multimídia para evidenciar algumas expressões em japonês e seus respectivos significados.

Gaman (suportar, resistir), omêwaku (não incomodar), kyôroku (solidariedade), shinyô (credibilidade), doôroku shá (trabalhador), sekinin (responsabilidade), yakussoku (compromisso), seikaku (pontualidade), kenson (humildade), môtainai (não desperdiçar), ai koku shin (patriotismo), gambarê (avante), Oya koôko (amor aos pais), on (gratidão) e aijô (amor) foram algumas das expressões japonesas elencadas por Junji para traçar o perfil da formação cultural do povo nipônico. “Interpretadas com a força das ações que representam, demonstram hábitos que precisamos difundir, honrando nossos ancestrais e tornando melhor e mais promissor o futuro dos nossos descendentes”, apregoou.

Relação bilateral
Na palestra que fez à plateia no Rotary Club, Junji assinalou o histórico de colaboração mútua que marca os dois países ao longo destes 107 anos desde a chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao País. Ele elencou os financiamentos e tecnologias responsáveis por avanços sem precedentes no agronegócio nacional, como o desbravamento do cerrado brasileiro e, por meio da Jica – Agência Japonesa de Cooperação Internacional, a autossuficiência na produção de maçãs.

Junji também rememorou os megafinanciamentos concedidos pelo governo japonês para a despoluição do Rio Tietê e da Baía da Guanabara, assim como o impulso à produção siderúrgica na Usiminas que contribuiu com o avanço tecnológico da Siderbras, elevando a qualidade do ferro, aço e derivados, insumos para a indústria nacional.

Como a cooperação é uma via de mão dupla, assinalou o ex-prefeito, “o Japão prescinde do Brasil que vem respondendo presente” como fornecedor de minérios e de produtos agrícolas como soja, café, algodão, suco de laranja, carne bovina e aves. Logo, completou ele, os japoneses também importarão etanol brasileiro para substituir as perigosas usinas nucleares.

Presente ao evento, o vereador Juliano Abe (PSD), de Mogi das Cruzes, recebeu especial manifesto de gratidão dos rotarianos. Ele é autor de Moção de Aplausos ao Rotary Club mogiano pelo Rotary Day, um dia de promoção da cidadania, com a prestação de diversos serviços gratuitos à comunidade, realizado no sábado último (13/06), na Escola Municipal “Dr. Benedito Laporte Vieira da Motta”, localizada no Distrito mogiano de Jundiapeba.

Também participaram da solenidade Sidney Florêncio da Costa, presidente do Rotary Club de Mogi das Cruzes – Leste; Rosangela Kolberg, secretária do Rotary Club de Mogi das Cruzes; Cacilda Soares da Costa, governadora assistente do Distrito 4.430 – Área 10; Sonia Maria Veneziani Ribeiro, presidente da Associação de Rotarianos de Mogi das Cruzes; os secretários municipais Osvaldo Nagao, de Agricultura e Abastecimento, Nobuo Aoki Xiol, de Transportes, e Cel. Paulo Madureira Sales, adjunto de Segurança Pública, todos de Mogi das Cruzes; Professor Milled Cury, rotaryano benemérito e membro da FEB – Força Expedicionária Brasileira; e intercambistas do Rotary, como Taiki Kato, do Japão, Khushal Nandekar, da Índia; entre outros rotarianos e convidados.


Mais informações:

Mel Tominaga
Jornalista – MTB 21.286
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