Arigatô, banzai!

Quinta-feira, 18 de Junho de 2020


18 de junho de 1908, chegada histórica dos primeiros imigrantes japoneses no Brasil. Sou um privilegiado filho e neto de imigrantes – Izumi e Fumica Abe (pais); Tokuji e Makie Abe (avós) – que aqui chegaram em 1928, com uma mão na frente e outra atrás, mas com imenso sonho de ter sucesso neste Brasil maravilhoso. Nasci em dezembro de 1940, no antigo bairro de Biritiba Ussu, atual Distrito de Mogi das Cruzes/SP, e pertenço à terceira geração de agricultores da família Abe.

Graças ao importante legado familiar em áreas como educação, trabalho e formação com responsabilidade e comprometimento, modéstia à parte, sinto-me um cidadão brasileiro à altura do que o País merece.

Hoje, mais uma vez, reforço o profundo sentimento de respeito, reconhecimento, admiração e gratidão à gloriosa história dos imigrantes. Aliás, de todos: italianos, espanhóis, alemães, árabes, chineses e japoneses, entre outros, que prestaram incontáveis serviços em prol do desenvolvimento desta Nação.

Remonto ao ano de 2008, quando íamos comemorar o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Toda a comunidade nipo-brasileira, já em anos anteriores, vinha trabalhando com amor e dedicação para marcar a celebração com algo especialíssimo.

Em 2007, nossa 2ª gestão como prefeito de Mogi das Cruzes, com a emocionante contribuição da iniciativa privada e apoio dos abnegados funcionários da Prefeitura, começamos a planejar um símbolo que pudesse perpetuar o fato histórico. Assim, nasceu o Parque Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, inaugurado em 28 de junho de 2008.

Construído no Distrito de César de Souza, o Parque Centenário foi eleito pela população uma das sete maravilhas da Cidade. Agasalha conceitos e significados importantíssimo. Começa pela recuperação e preservação ambiental. A área de 215 mil m² era uma várzea de degradação pela exploração mineral ao longo de décadas. Tornou-se atração turística de primeira grandeza para encantar os visitantes.

Espelha a união integral dos setores público e privado que devotaram tempo e dinheiro à construção do espaço e têm seus nomes eternizados em memorial. O aspecto social merece um destaque à parte. Não somente o povo mogiano, mas toda a Região Metropolitana de São Paulo, principalmente o Alto Tietê, são brindados pelo empreendimento. De 10 mil a 15 mil pessoas visitam o Parque Centenário nos finais de semana e feriados. Em sua maioria, são famílias que não poderiam pagar pelo acesso ao lazer de alta qualidade.

Toda gratidão aos heroicos imigrantes japoneses que, ao adotarem o País, trabalharam incansavelmente pelo desenvolvimento, transformação e progresso do Brasil, além de deixarem um legado de nobreza incontestável para seus descendentes continuarem servindo a Pátria.

Felizes, as famílias lotam o Parque para descansar, refletir, praticar esportes, admirar as belas lagoas com marrecos, patos e gansos, além de usufruir de pedalinhos e ícones da arquitetura oriental, apesar de a réplica do histórico navio Kasato Maru haver sido consumida pelo tempo. Desfrutam da beleza do lendário Rio Tietê sem poluição, percorrendo vias e alamedas batizadas com nomes de províncias e cidades japonesas. Também fazem caminhadas numa linda trilha, observando a flora e fauna da Mata Atlântica.

As crianças brincam nos playgrounds, enquanto pais, avós e outros familiares preparam as churrasqueiras numa prova cabal de integração familiar. Há área especial para cultura e artes, como o Espaço Bom Odori e Samba, que valoriza a miscigenação dos dois povos.

Dois museus enriquecem os aspectos históricos. Um retrata a saga dos imigrantes japoneses no Brasil e no Município. O outro valoriza os potentes frutos do relacionamento de Mogi com suas Cidades-Irmãs japonesas de Seki e Toyama.

É verdade que o Parque Centenário está fechado por causa da pandemia. Mas, isto vai passar e logo poderemos curtir novamente cada palmo desse espaço maravilhoso!

Neste ano em que comemoramos os 112 anos da Imigração Japonesa no Brasil, encho o peito de emoção para agradecer e gritar Banzai! #GratidãoImigrantesJaponeses

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo


Junji Abe Deputado Federal