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Saudades do Nakasato, meu ídolo
Quarta-feira, 27 de Julho de 2016 Enviar por e-mail Versão para Impressão acessos
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Na segunda-feira (25) o guerreiro de tantas cruzadas, líder inconteste e meu amigão do peito, Masaro Nakasato, foi chamado por Deus e viajou para o paraíso celestial. Deixou um imenso vazio, porém, povoado com muita saudade e dor. Uns dez dias antes, ao saber da sua saúde debilitada, visitei-o. Foi um encontro providencial! Não sabia que seria o último neste plano físico.

Filho de destemidos imigrantes japoneses, Nakasato nasceu na cidade paulista de Promissão, em 8 de novembro de 1931. Deus escreveu o seu destino e o predestinou para servir à sociedade, com integral desprendimento, solidariedade e amor. E assim ele cumpriu a sua nobre missão, com devoção e paixão.

Depois de passar pela rica região noroeste do estado do Paraná, chegou em Mogi das Cruzes. Era 1961, quando ele se instalou no Bairro do Pindorama, onde viveu até o crepúsculo da sua vida. Sorte da Cidade. E sorte minha. Ano de 1961: o presidente Jânio Quadros renunciou. O Brasil entrou em conflito de ordem político-ideológica, marcado pela luta contra o comunismo, insuflado pelo presidente interino João Goulart que acabou deposto pelos militares e forças conservadoras, por meio da Revolução de 31 de março de 1964. Foi exatamente nesse período difícil que conheci o Nakasato. Eu tinha 21 anos e fazia parte da Associação Rural de Mogi das Cruzes, presidida pelo também saudoso Minor Harada.

Nakasato despertou em mim uma simpatia imediata, dessas que a gente não sabe bem de onde vem, mas tem certeza do que sente. Nove anos mais velho, ele foi um irmão, parceiro, companheiro e amigo em todos os momentos da minha existência. Como agricultores, sempre inseparáveis, lutamos o bom combate de forma intransigente em prol dos míni, pequenos e médios produtores rurais, verdadeiramente sustentáculos na produção de alimentos. Em especial, os do segmento mais difícil da lide agrícola. Ou seja, verduras, legumes, tubérculos e bulbos.

Perecíveis e sazonais, são produtos de alto risco para quem cultiva, em função dos efeitos das variações climáticas, da alta incidência de doenças e pragas, de preços regulados pela oferta e procura – sem valores mínimos de garantia como ocorre com grandes culturas –, de perdas acentuadas no transporte, de severos gargalos na comercialização e, acima de tudo, da insensibilidade governamental na adoção de políticas públicas específicas. Com certeza, a teia de obstáculos e a sucessão de dramas nas lavouras nos uniram na batalha de despertar, nos ouvidos moucos da sociedade, a riqueza da policultura de hortifrútis para a saúde da população e para o desenvolvimento da economia nacional.

Ao lado de outros bravos companheiros, eu e Nakasato fomos para as mesmas trincheiras. Lutamos contra a feroz política tributária, pela manutenção de estradas vicinais rurais, por financiamentos acessíveis, por seguro rural em benefício do produtor e não do sistema financeiro, por eletrificação e telefonia rurais. Também nos erguemos contra o aviltante e injusto valor pago como indenização pelas terras e plantações desapropriadas pelo Estado para construção de barragens, e pelo fortalecimento do associativismo, cooperativismo e sindicalismo, entre outras incontáveis ações que devem ser registradas, relembradas e destacadas.

Cito a intensa participação na Associação Rural de Pindorama, no Sindicato Rural de Mogi das Cruzes, na Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), nas cooperativas agrícolas de Cotia, Sul Brasil, Itapeti e Agromogi. Aponto ainda a atuação fundamental nas Cooperativas de Eletrificação Rural e de Telecomunicação Rural de Mogi e Região. Ambas eram administradas pelos próprios agricultores, de forma gratuita, para beneficiar o campo com luz elétrica e telefone. Tudo foi feito de modo inédito e pioneiro, nos tempos em que o poder público e as empresas privadas não tinham interesse em empreender por não vislumbrarem retorno nos investimentos. Na conjuntura atual, com os imensos avanços tecnológicos, os mais jovens não devem ter ideia dos gigantescos avanços e benefícios que essas conquistas representaram naquela época.

É desse leal companheiro e amigão do peito, Masaro Nakasato, que faço questão de lembrar. Era o insubstituível parceiro, devotado em desfraldar nossas bandeiras de seriedade, competência e dedicação para servir o povo, cada vez que participávamos de campanhas eleitorais. Foi assim, graças ao fecundo trabalho de samurais como o Nakasato, que tive a honra de edificar minha bagagem com a história de cooperativista, sindicalista, vereador, deputado estadual, prefeito e deputado federal.

Com mérito, justiça e legitimidade, os poderes constituídos agraciaram Nakasato com diplomas e títulos honoríficos, incluindo o de Cidadão Mogiano. Do Congresso Nacional, enquanto deputado federal e presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Japão, tive o privilégio de outorgar-lhe o Diploma de Honra ao Mérito pelos inquestionáveis e relevantes serviços prestados às comunidades agrícola e nipo-brasileira, assim como à sociedade em geral. Em que pese o incontestável significado das homenagens outorgadas, sinto que ficamos devendo à figura maiúscula e exponencial do grande cidadão brasileiro Masaro Nakasato.

Mesmo com o vazio, a saudade e a profunda dor da ausência física do Nakasato, agradeço a Deus por haver-me concedido a dádiva de tê-lo como meu grande amigo, meu irmão, meu confidente, meu ídolo. Encontro consolo na certeza de que ele não nos deixou. Apenas mudou de endereço. Suas lições, sua alegria de menino, sua energia revigorante, sua devoção ao bem, todo seu legado de ser humano excepcional permanecem em nossas almas. Da Morada do Senhor, ele zela por nós. Quando, no dia da partida, o filho primogênito Yutaka Nakasato me chamou para deixar uma mensagem ao seu pai, eu disse: “Amigo Masaro Nakasato, até logo! Deus o convidou para outras missões importantes. Só nos resta registrar uma imensa gratidão. Muito obrigado, obrigado e obrigado pelo tanto que fez e por tudo que foi como gente! Parafraseando o grande escritor e historiador Berthold Brecht, ‘há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.’ Você, guerreiro, é imprescindível!”
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